O 25 de Abril através dos nossos olhos
"Os nossos olhos", olhos de alunos do Ensino Secundário que assistiram à Palestra "Eu conto...Tu perguntas", com um antigo militar da Guerra Colonial e o atual Presidente da Assembleia Municipal no Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros, no dia 24 de abril.
Ficam três textos de opinião sobre o que os alunos do Ensino Secundário apreenderam do que ouviram.
O 25 de Abril através dos nossos olhos
O golpe de estado, que mudou radicalmente o rumo da história nacional, deu-se no dia 25 de abril de 1974, mais especificamente, numa quinta-feira. Uma data tão importante na vida dos portugueses, mas de alguma maneira tão distante dos jovens de hoje em dia. Será que nós, jovens, temos, então, a noção da importância deste acontecimento?
Crescemos assim, sem saber como é viver na opressão, sem saber o que é ter medo de utilizar a palavra errada e, num piscar de olhos, vermos a nossa vida ser retirada e, por isso mesmo, é complicado atribuir um significado a esta data. Por esse motivo, é importante reconhecermos os valores que nos são transmitidos pelos mais velhos para que, futuramente, não sejamos nós a repetir os erros do passado.
50 anos depois, muitos jovens continuam sem saber o que foi o 25 de Abril de 1974. Então, o que é que afinal representa esta data? Terá sido apenas o lançamento da canção “Grândola, Vila Morena”? Foi apenas o desperdício de cravos e um cortejo insignificante, pelas ruas? Não, foi muito mais do que isso! Foi uma vontade de mudar! Foi um desespero coletivo! Foi o fim da ditadura, o fim do pesadelo e o início de um sonho e de uma sociedade mais justa e livre.
Neste âmbito, as instituições escolares têm um papel fundamental na divulgação dos valores de Abril e, nesse sentido, o Agrupamento de Escolas de Macedo de Cavaleiros comemorou os 50 anos do 25 de Abril, dinamizando diversas atividades para nos relembrar deste acontecimento importante e estimular a reflexão sobre este período histórico tão marcante. Proporcionou-nos o contacto com testemunhas através da palestra “Eu conto… tu perguntas”, possibilitou-nos a leitura diária da poesia de Abril, animou-nos com as mais belas músicas de intervenção e sobretudo fez-nos perceber que, afinal, temos sorte em sermos livres.
Em suma, devemos enaltecer os valores da liberdade e da democracia para mantermos viva a chama de Abril. Somos livres! Viva a liberdade! Viva!
Ana Rita Pinto, 11.ºA
Um Grito Pela Liberdade
Viver 50 anos de Abril é relembrar e comemorar meio século de liberdade e de democracia. É acreditar que nem sempre é necessário recorrer à guerra e à violência para se transformar radicalmente um país. A vontade de alterar a realidade de um país, uniu militares e civis, sem discriminação de classes e estatutos, apenas o desejo de mudar. A Revolução do 25 de Abril mudou para sempre a vida de todos os portugueses.
A História mostra-nos o quão determinante foi a Revolução dos Cravos, a mudança de regime e todas as transformações políticas, económicas e sociais que daí decorreram. Aquela, que foi uma revolução pacífica, transformou o nosso país em termos sociais, políticos e democráticos. Todavia, a meu ver, o 25 de Abril foi um grito pela liberdade: um sonho proibido de ser vivido, de ser escrito ou dito, um sonho censurado pela ditadura que aprisionou a liberdade portuguesa durante várias décadas. Viver 50 anos de Abril é recordar, enquanto jovem que sou, esse dia em que os militares se juntaram a um povo cansado de viver oprimido e juntos fizeram cumprir a tão desejada liberdade. Nós jovens temos de ter a consciência da relevância desta data e agradecer a todos os portugueses que contribuíram para que os valores democráticos fizessem parte do nosso quotidiano.
Ouvir falar, na primeira pessoa, sobre este marco histórico foi deveras importante. Eu e os alunos do agrupamento tivemos o prazer de ouvir, na palestra «Eu conto... tu perguntas» relatos de cidadãos que viveram o antes e o depois da revolução. Foi deveras enaltecedor perceber como viviam oprimidos, com medo e privados de liberdades básicas, como a liberdade de expressão. Ouvir aqueles testemunhos foi valorizar a vida que tenho hoje: uma vida pautada pelos valores democráticos com direitos e deveres e, apesar de existirem obstáculos e alguns muros ainda por derrubar, acredito na possibilidade de poder construir pontes entre opiniões e pontos de vista divergentes. Todavia, isto apenas é possível porque vivemos numa democracia que nos garante crescermos numa sociedade mais equitativa, mais inclusiva, uma sociedade onde todos podem participar, no direito ao voto, no direito à educação, no direito à liberdade.
Em síntese, o 25 de Abril de 1974, foi um grito pela liberdade e hoje é um símbolo de liberdade, de esperança e de mudança. Recordar aquela data e comemorar os 50 anos de Abril é fundamental para continuar a acreditar que os valores de uma verdadeira democracia, como a justiça e o respeito pelos direitos humanos continuem a prevalecer como pilares essenciais da nossa sociedade.
Ana Salselas, 11.º A
O 25 de Abril
Há 50 anos, Portugal viveu a Revolução dos Cravos. Graças a esse acontecimento marcante, o povo derrubou um regime autoritário e deu início a uma nova esperança para todos, pois foi possível implementar a democracia no país. No entanto, será que os jovens, atualmente, têm consciência da importância desta data?
Na verdade, acredito que muitos jovens não percebem a essência e a importância desta revolução. Muitos deles não entendem o que é viver sem liberdade, pois nunca viveram sob um regime autoritário. Nessa altura, os portugueses não se podiam expressar livremente, não tinham direito ao voto livre, as mulheres só podiam votar se tivessem concluído o curso secundário e só podiam viajar sozinhas para fora do país com autorização escrita do marido. Esta data relembra-nos o que nós não presenciámos, mas muitos dos nossos pais e, principalmente, avós fizeram parte desta mudança, por isso, devemos homenageá-los, continuando a lutar pela nossa liberdade e pela democracia.
Nesse âmbito, é fundamental a organização de atividades sobre esta revolução, exemplo disso foi a palestra «Eu conto…tu perguntas» onde foi possível ouvir os relatos marcantes do presidente da Assembleia Municipal de Macedo de Cavaleiros e do presidente do Núcleo da Liga dos Combatentes de Macedo de Cavaleiros, ambos combatentes na guerra colonial. Através desta atividade, pudemos ter um pequeno retrato do que foi e como decorreu a revolução e como foi decisiva para a implementação de uma sociedade aberta, plural e democrática. Esta iniciativa alertou-nos para a necessidade de nos envolvermos, de estarmos mais informados sobre o que nos rodeia e de lutarmos pelos valores de Abril. Na minha perspetiva, a título de exemplo, a iniciativa da Assembleia Municipal Jovem revela-se importante, pois é uma forma de nós jovens, enquanto cidadãos, expressarmos ideias e de fazermos uma reflexão conjunta sobre o presente e o futuro, num ambiente democrático, defendendo os ideais de abril.
Em suma, já evoluímos muito em relação aos tempos passados, porém não nos podemos descuidar e devemos continuar a lutar por nós e pelo futuro de todos. Apesar de muitos subestimarem a nossa geração, não tenho dúvidas de que vamos lutar pelos nossos direitos e liberdades.
Leonor Casado, 11.ºA
Orientação: Prof.ª Ana Sousa de Português e Hermínia Mesquita de História
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